Quem vem e atravessa o rio
junto à serra do Pilar
vê um velho casario
que se estende até ao mar.
Quem te vê ao vir da ponte
és cascata são-joanina
erigida sobre um monte
no meio da neblina.
Por ruelas e calçadas
da Ribeira até à Foz
por pedras sujas e gastas
e lampiões tristes e sós.
E esse teu ar grave e sério
dum rosto de cantaria
que nos oculta o mistério
dessa luz bela e sombria.
Ver-te assim abandonada
nesse timbre pardacento
nesse teu jeito fechado
de quem mói um sentimento.
E é sempre a primeira vez
em cada regresso a casa
rever-te nessa altivez
de milhafre ferido na asa.
Porto Sentido
Rui Veloso
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